segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Diálogo avulso de 2013

Cervejas, copos quebrados, roupas no chão, cds arranhados, estomâgos vazios, e principalmente dois corações partidos.

- Pega todos os meus livros que estão contigo, não quero deixar nada meu aqui.
- O que adianta tu levar teus livros, se o principal tu vai deixar aqui?
- O quê?  Não vou deixar livro nenh....
- Não, eu não falei do livro, e sim de outra coisa.
- Para de ser sucinto e fala de uma vez o que tu queres dizer, eu não tenho todo o tempo do mundo.
- Ninguém tem. Tu queres os teus livros? Tuas cartas? Tuas roupas? Eu te dou tudo, agora mesmo. Porém, isso não é nada comparado a tudo que tu viveu aqui dentro desse quarto comigo, isso tu nunca vai conseguir levar e nem tirar de mim, e querendo ou não, nem de ti.
- (...)
- Adoro te olhar sem palavras, isso é raro.
- Eu não estou sem palavras, eu tenho as respostas, eu só não quero te dizer, na verdade não tenho muito o que dizer.
- Por que? O que são algumas respostas para alguém que vai embora e até então não vai voltar?
- Nada! Eis a questão, essa coisa toda que nós temos não vai nos levar a nada. 
- É verdade, o tudo e o nada andam lado a lado e como já tivemos "tudo" nada mais justo de que agora o "nada" apareça.
- Facilita as coisas pra mim, não usa essas metáforas, e nem vem com essas ironias, eu só preciso ir.
- Vai ué, eu tô te pedindo pra ficar? Não! Porque não importa o que eu esteja sentindo, nada é mais broxante do que ver alguém decidido a fazer algo e pedir para a pessoa fazer o contrário. Eu já solicitei demais...
- Essa é a questão, sempre foi! Tu sempre me deixa fazer o que eu quero.
- E tu queres que eu faça o quer?
- Diga o quanto eu tô errada, diga o quanto gosta de mim, e que não quer que eu vá embora, diz o que tu sente de verdade, isso se sentir...
- Eu não preciso abrir a boca pra dizer isso, os meus olhos falam, o meu corpo inteiro diz tudo isso por mim, mas como eu disse não adianta de nada se isso não for o que tu quer.
- Eu não sei o que eu quero. Porque eu quero sanar essa dor do meu peito, mas ao mesmo tempo como sana-la indo para longe de ti?
- Essa dor aí só vai parar quando tu morrer, isso é viver, meu amor...
- Olha ao redor...
- Eu já olhei, mas não consigo tirar os meus olhos de ti, do jeito que tu és extremista talvez essa seja a última vez, a última vez que eu vou te olhar e ver a garota que eu me apaixonei, porque daqui há um mês tu vais mudar, de novo... Ou nunca mais vai permitir que eu te veja assim...
- Olha a bagunça que fizemos e somos.
- As cervejas? Os copos quebrados? Os livros? Os cds? Tudo isso eu arrumo, difícil vai ser arrumar o buraco que tu estás fazendo dentro de mim, mas um dia eu arrumo isso também. Sempre fui bom em lidar com coisas quais eu nem deveria.
- Deixa de ser dramático, és o homem aqui.
- Sim, sou tão homem que eu assumo isso pra ti, porque é a verdade, a nossa verdade incomum.
- Recolhi tudo o que tinha meu aqui, eu acho, tô meio tonta, mas acho que consigo chegar em casa, tchau...

Olhares tristes, avulsos, perdidos e molhados, de ambos...

- Eu não quero ir de verdade, mas eu quero ir de mentira.
- Fica! Vem viver a verdade comigo... Isso significa que eu vou te magoar, não sou perfeito, mas pelo menos deixa o teu lado extremo de lado, vê que por trás de um cara errado tem alguém que vive em em busca do que é certo e sincero só pra te deixar no mínimo um pouquinho feliz.
- Eu sou uma boba, uma louca, e sei lá... O amor não existe.
- O amor não é uma falácia, olha pra gente, olha o agora...
- Eu sei que não...
- Então, fica?

- Na verdade,mesmo tentando ir, mesmo indo, parece que eu realmente sempre estive aqui.

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