domingo, 21 de abril de 2013

Ímpar, singular, sem igual.

Não era uma vez, foi uma vez...
Eis que uma garota tinha 4 objetos favoritos: uma bailarina, uma boneca de porcelana, um livro, e um microfone com asas, tais objetos se destacavam em meio a sua estante cheia de milhões de coisas.
O tempo passou, ela cresceu, e ao longo dos anos foi criando mais objetos favoritos, inúmeros, porém, os 4 objetos que marcaram sua infância eram insubstituiveis, e continuaram na mesma estante que agora estava cheia de poeira, velha, escondida, quase vazia, mas ainda assim intacta.
Até que um dia ao voltar a casa dos pais ela deu de frente não apenas com o passado, mas com tudo o que era seu, sentou e relembrou de inúmeras coisas, decidiu os levar para sua casa, e passou a conviver diariamente com os 4 objetos, às vezes a bailarina queria as asas do microfone, e a boneca de porcelana tentava acalmar a todos, e o livro como sempre sábio simplesmente sorria com tudo aquilo ali, outra hora a bailarina e o microfone pretendiam fugir, a bailarina queria patrocinar o microfone mas não sabia negocioar, o microfone queria cantar, ser famoso e voar para conhecer o mundo, mas precisava de voz, a bonequinha queria proteger o mundo, mas precisava proteger a si mesma, e o livro só queria saber de pensar, ler e pensar, pensar e ler.
E a garotinha, que agora se tornou mulher, aos poucos foi entendendo o porquê de tais objetos totalmente aleatórios ao mundo serem os seus favoritos e o porquê dela não saber  viver sem eles.
A bailarina era o objeto mais velho, o primeiro presente, e ainda que a garotinha nunca tenha feito ballet, a bailarina lhe mostrou a magia da vida, em meio a passos confusos, belos, tristes, mas principalmente felizes, era impossível olhar para a bailarina e não sentir uma sensação maravilhosa no peito e sorrir também.
E a bonequinha de porcelana, bonequinha tal que não era de luxo, e aos olhos avulsos parecia que a qualquer momento ela poderia quebrar, tolos e bobos, por trás de toda aquela "porcelana" existia uma sensibilidade ímpar que fazia dela uma boneca de diamente, e de todas as pedras preciosas que existem nesse mundo, a bonequinha ensinou a garotinha a ser forte, ensinou que não importa qual dificuldade,  ou seja lá o que for, as coisas vão passar e vão dar certo.
E aí vem o microfone com as suas asas,o quão instigante é um microfone com asas? Bobos, meros mortais, explorem sua imaginação, o "microfone com asas" mais do que nunca ensinou a garotinha a sonhar, a ir além, a jamais desistir dos seus sonhos, e acreditar em si mesma, através de inúmeras canções, e emoções, ah e lágrimas também, com o microfone tudo é a flor da pele, vai ver porque o timbre e a emoção da voz fiquem bem perto dele, e perto do seu coração também.
E por último, mas não menos importante, o livro, ah, o livro foi o objeto que a garotinha se identificou de cara, e leu aos poucos, aprendeu, cresceu, evoluiu com ele, se fez mais forte com ele, e voltou a ler sempre que necessário, como se fosse a coisa mais bonita e simples do mundo. Com o livro ela realizou sonhos e decidiu o que queria fazer da vida e aprendeu a não temer nada, porque o livro é basicamente uma fortaleza, uma mãe, sempre disposto a abrir as páginas da vida, da casa e do coração, e  fechar se assim for necessário.

Dizem que pessoas não são insubstituiveis, mas objetos sim, pode passar o tempo que for, a estante pode quebrar, e com a queda tudo desmoronar, porém, sempre existirá vestigios dos "preferidos" marcado feito tatuagem no coração da garotinha, que agora virou mulher, mas no fundo, no fundo, vai ser sempre uma garotinha disposta a correr pro colo da bonequinha de porcelana, sambar na cara da vida junto a bailarina, voar com o microfone e aprender um pouco mais com o livro.

Tem gente que dá anel, fotos, e essas coisas aos filhos e netos, dizendo que isso foi algo importante que pertenceu aos avós, já a garotinha vai dar esses 4 objetos aos filhos, aos netos, ao mundo, e a vida, pois tudo o que ela foi ontem, é hoje, e quer ser amanhã, agora pode ser dividido em 4, 4 formas de amor, 4 formas de conjugar o verbo amar, e com ela forma o número 5, ímpar, singular, sem igual.

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