sexta-feira, 18 de março de 2011

O "tal amor"

Gritos, xingamentos, e falta de respeito. Todos os anos que passaram juntos foram jogados á lata de lixo que ficava ao lado.

E a garotinha cansada de ouvir tudo aquilo, sai do quarto sem entender nada, com o rosto vermelho e foi direto para o banheiro, com os olhos cheios de lágrimas, e rapidamente coloca as mãos nas orelhas pra não ouvir tudo aquilo, pra não ouvir/ver que o único exemplo de amor que ela presenciará durante anos em toda a sua vida haveria um fim, afinal, ela cresceu ouvindo que era um fruto de todo aquele amor, cresceu cultivando o sonho de que um dia teria um amor como aquele, e haveria de ter. Mas depois dessa noite, depois de tudo que ouviu e viu, pra onde foi parar tudo aquilo? Onde foi que os pais dela perderam esse amor?
- Antes de ir dormir entre tantas lágrimas ela decidiu ir até a lata de lixo procurar o tal "amor" dos pais para devolve-lô, mas não achou, ele se foi, e pelo visto, não voltaria.

Pobre Guria, percebeu que o amor é bem mais do que uma palavra bonita e anos de fingimento no auge dos seus nove anos de idade, cedo demais, cedo demais...

E desde então ela cresceu aprendendo a dividir seu amor, a semana inteira com sua mãe, e o final de semana com o seu pai, aquilo não era o que ela queria, mas era o que ela tinha e precisava conviver com isso...
 
Enquanto a maioria das suas amigas de doze, treze anos se deliciavam na frente da tv, e sonhavam com seus tão esperados príncipes encantados, ela preferia ficar em casa, deitada lendo aquele livro que havia pego da gaveta que tinha algumas coisas do seu pai e que sua mãe sempre hesitou em ir mexer, era "Morangos Mofados - Caio Fernando Abreu" que era forte demais pra sua idade, mas era a realidade de muitas pessoas, totalmente diferente dos filmes que passam na tv, das novelas, que insistem em preparar as pessoas pra uma coisa totalmente diferente do que elas provavelmente vão viver. Não posso culpar a Guria por pensar assim, afinal ela parou de acreditar muito cedo no "tal amor" mas ninguém pode julgar, afinal quem nunca parou de acreditar no amor? E disse pra sí mesmo que nunca mais amaria alguém? Mas na semana seguinte apareceu outra carinha e te fez mudar de idéia?

Hoje em dia a Guria tem dezesseis anos, continua achando que o tal do amor não existe, ou se existe não serve pra ela. É claro que tem alguns garotos que chamam a sua atenção, que realmente lhe interessam, é como dizem pra toda regra existe uma exceção. Mas quando as coisas começam a ficar mais sérias, quando ela sente que pode realmente ter seu coração, sua mente dominados por outra pessoa, ela foge! Sempre foge, saí correndo feito louca, sem dar nenhuma explicação, e vira a pessoa mais fria do mundo... Ninguém entende, nem ela entende, mas sabe que um dia isso vai ter que acabar, sabe que um dia ela vai ter que parar de fugir, afinal, para tudo existe uma primeira vez... Mas enquanto isso, ela segue a vida acreditando que: amor mesmo, só de mãe.


Enquanto uns preferem falar de amor, eu prefiro falar da falta dele. 

3 comentários:

  1. sua maukarater,as vezes eu fico me perguntando cm vc consegue escrever tanta coisa bonita....ah adorei a parte q diz q "amor verdadeiro só de mãe"......parabens safada,um dia desses eu passo ai e pego um altografo .......... Verdade!

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  2. amor... ô teminha que enche o saco... não no pejorativo pelo seu belo texto, mas é que o ser-humano é idiota
    a gente ama por besteira e se odeia por bobagem

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  3. Tremendo texto, obrigado por ter escrito. =)
    Parabens

    "Enquanto uns preferem falar de amor, eu prefiro falar da falta dele." -> Demais

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